domingo, 8 de março de 2009

Nó na garganta

Mais um dia se passou e ela não desejou sair.
Queria ficar ali, durante dias e noites.
Mais dias, mais noites!
Aquele suor todo escorrido a deixou com um novo nó na garganta.
Mais um nó na garganta!
E quantos nós ainda teria de desatar?
Ela não sabia...
Desejava ficar ali pra sempre, aderida.
Teve de dar ré, deixando aquele grande negro a uivar,
deixando aquele grande homem a voar.
Sentiu seus lábios macios, ainda quentes, guardados na memória.
O amanhã viria, e o depois, e o depois.
Tinha de abrir as portas do guarda-roupas.
Esvaziar o que já estava cheio, preenchido por tanta coisa.
Ela sabia que o coração também ficaria vazio,
E assim como o amanhã, o depois, e o depois...
No futuro, teria de encher um outro guarda-roupas, assim como o coração.
Queria poder enchê-los com as mesmas coisas.
Mas de agora em diante não podia ter certeza.
Talvez elas fossem substituídas, talvez se perdessem e só a recordação pudesse dar conta de que não desaparecessem de vez.
Mas o amanhã viria, assim como o depois, e o depois...

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