domingo, 15 de março de 2009

Dia do meio

Foi acordada com o sol, o dia estava lindo, sem vento, e o mar bem liso. Ensaiou cair na água como fazia seu companheiro Mergulhão, mas a água não teve o mesmo gosto, não conseguiu alimentar-lhe na ausência e nem encher sua boca de sal.
O domingo estava mesmo parecendo um dia do meio, daqueles que provocam rachaduras que se partem. Pensava sobre qual rumo tomaria, mas estava presa, trancada, acorrentada ao abismo.
Dia estranho, mesmo. As coisas simples tinham se perdido. O colchão parecia desabitado, largado no quarto já quase vazio. Queria colocar um vestido, pintar os olhos, colorir sua boca com batom, mas o pincel estava longe, foi levado junto com as tintas que davam à sua vida tanta cor.

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