sexta-feira, 7 de maio de 2010

Por onde ir

Quantas surpresas mais haveria de ter?
Tantas imagens pintavam a vida através daquilo que lhe foi dito, omitido, vivenciado, descrito?
Uma casa em ruínas, já ao chão! Tombada!
Se perguntava por qual razão não haviam lhe dedicado algumas linhas...
Se perguntava qual o motivo de estar ali, se não era ela quem provocara um sentimento indescritivelmente arrebatador.
Muda, olhava-se no espelho.
Só conseguia lembrar do choro da mãe que acabara de perder sua filha.
Ficava à espera, e não sabia do que.
A casa estava povoada pelo fantasma da mulher tão minuciosamente descrita.
Passado! Que retornava e retornava e retornava nos resquícios de uma história de amor que não fora a personagem principal.
E a casa, essa já não podia ser habitada pela possibilidade do novo. Isso porque os vestígios da linda mulher permaneciam ali, escondidos, propositalmente espalhados, talvez, de forma que a qualquer instante ela pudesse, novamente, ocupar o lugar que nem ao menos ajudou a construir.
Era uma linda tarde. Iluminada e silenciosa.
E ela só queria encontrar o telefone da senhora que morava em frente de casa, perguntar à velhinha se era de seu agrado alguns pães.
Mesmo. Algumas coisas são inexplicáveis e causam dor. Como o choro da mãe que acabara de perder a filha; como preferir o silêncio ao contrário de decidir partir.
Se ao menos fosse possível encontrar a filha que a mãe acabara de perder, essa que também era mãe e que acabara de deixar a filha, de igual forma, a chorar...