terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Toque-me! Sou teu!


Como é possível uma cidade cinza e repleta de concreto ainda expelir ternura?
Como é possível tanta gente, no vai e vem do transporte coletivo lotado, expressar sua alegria?
E a natureza, como pode, conseguir viver enclausurada nos espaços reduzidos dos jardins envoltos de cimento?
Um piano à entrada da Estação da Luz pedindo para ser tocado...
Poemas declamados vivos, acompanhados de luzes e sombras...
Gentilezas manifestas no exercício do trabalho...
Criação, vontade, esperança, desespero...
Jovens que desfilam a alegria do carnaval!
Negros que não se intimidam com a discriminação!
Velhos, que com as mãos quase desfalecidas, arriscam tocar as teclas do piano, compondo novos acordes em suas vidas...
... Novos acordes a outras vidas!
O mar não basta! A tranquilidade desejada se esvai!
Fica o som ensurdecedor do metrô, a acompanhar aqueles rostos cansados, desesperançosos...
Mas fica também a imagem das mãos que se permitiram sonhar ao toque do piano, e a sensação dos olhos que se permitiram enxergar no som, novos sonhos...

4 comentários:

Anônimo disse...

Sim, pura poesia esses momentos que você captou e soube expressar delicadamente. De quantas surpresas ainda somos capazes para insistir sempre. Vida.

Mari Weigert disse...

Olá
O teu poema/prosa é lindo! Senti exatamente a emoção que transmitiu em tuas palavras. Tomei a liberdade e devo publicá-lo junto a uma matéria que estou fazendo sobre o projeto, no meu site www.pan-horamarte.jor.br.
Devo publicar no domingo.
abraços

Mari Weigert disse...

É claro que citarei a fonte e o teu blog tb, com o endereço.
abraços

D. disse...

Fico feliz que tenham gostado e compartilhado desse momento. Muitas vezes insistimos em colocar pra fora o que nos causa dor, esquecendo de dar voz às coisas que nos emocionam...