terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Parede da pele


Perguntava se aquilo não seria um sonho. Ansiava despertar a fim de sentir o coração bater mais manso. Era tudo tão real que insistia em acordar. E quando acordou, voltou a sonhar. Agora, a tinta descascada caía mais forte do teto. Era tanta tinta que dava pra salpicar o corpo de pó. Não estava dormindo, mas não estava porque não conseguia. O pintor ia chegar bem cedo pra tapar o buraco que a tinta descascada fazia aumentar. Precisava ficar alerta!


Quanta gente chegou, gente que nem conhecia. Queriam ajudar a consertar o teto, botar ordem na casa, mostrar que por trás da janela suja de poeira havia uma paisagem. Queriam esconder as rachaduras na parede da pele, marcada, afogada, já sem cor. Era tudo tão real que insistia em acordar. Mas quando acordou, quis fugir do sonho para o qual retornou...

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