quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Mergulhão


Não imaginava o quanto sofreria ao ter de refazer as malas.
Não sabia o quanto tinha errado, até o momento exato de perceber seus erros.
Queria poder evitá-los, de forma que as malas não precisassem ser refeitas.
Mas não evitou, e agora, era tempo de partir.
Chegou a olhar para trás, tentando encontrar um céu azul na paisagem.
O céu azul era cinza, cheio de névoa.
Ao longe, um pássaro que precisava voar, já que há tanto tempo estava aprisionado.
Queria ter asas para voar junto com ele, e até tinha.
Mas enquanto ele era um Mergulhão, acostumado ao contato com mar,
ela era um filhote de ave na busca por sua identidade,
ainda aprendendo a nadar nas poças de água que a chuva deixava na estrada.
Experenciou seus primeiros movimentos na água, ao lado dele.
Teria, agora, de experenciá-los sozinha,
aprender a viver, a gostar de viver, sem aquele grande pássaro que foi sua companhia. Não sonhava em ser igual ao Mergulhão, mas alçar grandes vôos e cair na água do mar em presença dos peixes, como seu companheiro faria.

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