quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Ausência de chão


D. Mãos do Campeche, 2008

Partiu! Mais uma vez partiu, e preferiu deixar a tentar.
Talvez porque não pudesse, de fato, dar as repostas.
Talvez porque que não quisesse mais.
O chão novamente foi saindo de seus pés, e deixou um buraco enorme.
Foi difícil, no passado, tapar o mesmo buraco.
E agora faltava a terra que a tempestade carregou.
Teria tentado não deixar o buraco abrir, mas isso se não tivesse percebido os sinais,
ou quem sabe a ausência deles.
E durante toda a tarde ficou pensando no seu fracasso, na sua incapacidade de preencher aquele coração por quem se apaixonara, por quem sentira amor.
Mas até mesmo o amor quer ser amado, não se sustenta na solidão, não consegue carregar nas costas o peso que as palavras não ditas podem ter.
E o conforto chega junto com a necessidade de destruir seus monstros, já que o pedido de ajuda não pôde ser atendido.
É preciso tirar o nó das costas, e talvez mais ainda da garganta.
É preciso esfacelar o monstro em mil pedaços de maneira que ele não mais possa se recompor.
Mas isso terá de ser feito na ausência das mãos, já que não foi capaz de fazê-las resistirem à dor que provocou sem querer.

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