sexta-feira, 4 de julho de 2008

Sim e Não

Um dia, há muito tempo atrás, quando viveu sua primeira paixão, viveu sua primeira paixão.
Foram anos de muitas coisas. Tempo bom, tempo ruim, amor, ódio.
Viveu todos os conflitos da adolescência...
O sentir-se feia, desajeitada, com as pernas finas demais.
Mas se sentia amada.
E nas idas e vindas da primeira paixão, cansou. Desistiu para resistir.
Continuou vivendo conflitos. Insistiu, desistiu, resistiu.
Estranho modo de se repontencializar.
A desistência sempre a fazia se repontencializar.
Talvez porque a desistência a tornava persistente.
Persistente em se redescobrir.
A cada ano que passava ela se redescobria, descobria.
E nas idas e vindas de sua vida, ela se encontrava.
Da primeira a segunda paixão, passaram-se mais um bocado de anos.
Ela já estava mais madura, mas ainda era jovem.
Sentia-se bonita.
Tinha deixado de esconder os pés na areia da praia,
tinha deixado de esconder suas pernas finas, e até arriscava usar mini-saia,

ao contrário das muitas calças de malha fina que colocava por baixo dos jeans
para esconder a magreza.
Ainda lembrava do "não" que deu a segunda paixão.
E esse "não" foi seguido de uma viagem de novas descobertas.
Precisava ficar só, pensar na vida, deixar pra lá as muitas vezes em que disse "sim".
E como se sentiu aliviada, tinha conseguido se libertar.
Aprendeu que o "não" era movimento.
Foi então que amou. E mais um bocado de anos se passaram...
Já estava mais velha, era mulher, e a beleza que tinha ou não tinha já não a incomodavam mais.
Quanto "sim" ela havia dito? Já tinha perdido as contas, mas cada vez mais ela se acostumava com os "nãos" que teria de dizer.
Ela queria continuar dizendo "sim", mas temia em novamente ter de dizer "não".

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