quarta-feira, 21 de maio de 2008

Um deserto

Calahari, Foto Alessandra Rosa, 2007
Tinha o nome de um deserto.
Mas como um deserto podia apresentar tanta beleza?

Ainda é possível lembrar quando foi vista pela primeira vez.
Estava cheia de fome, cheia de sede, cheia de vida,
e ainda carregava consigo uma outra vida.
Presente.
Conseguiu driblar a ventania, conseguiu amolecer o cão,
conseguiu um espaço na cama, hoje com menos aconchego,
já que nela há ausência.
Era livre, era uma imensidão.
E tal como um deserto, com oásis.
Miragem que mirava.
No olhar, uma floresta cheia de encantos.
Em vida, uma felina.
O pêlo branco, macio, ainda pode ser sentido.
Os movimentos, imprevisíveis, eram dança.
E quando dançava, podia falar...
Aprendeu e ensinou.
Foi gata, de Borralheira à Cinderela.
E mesmo quando Borralheira, extremamente bela.
Um deserto, Calahari.
A “grande sede” de viver, sentir, brincar.
A “grande sede” de ser o que foi e o que sempre será.

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