quinta-feira, 8 de maio de 2008

Da janela

Ainda era madrugada quando olhou pela janela. Esperava o dia clarear, mas as luzes eram aquelas tremendamente opacas que por alguns anos enxergou naquela cidade erma. Sentia os sons ferozes das tantas figuras que por baixo daquela janela alta circulavam com freqüência, e das muitas que por ali passaram e agora já não passam mais.
Ansiava pelo dia amanhecer, ansiava acordar e ver o sol, que nem sempre aparecia, diante do peso que o estar ali representava. A água quente ajuda a tirar do corpo toda aquela sujeira, cheiro, desespero. E a felicidade aparece diante da possibilidade da partida. Rumo ao destino, ela caminha pela rua, na direção do que a levará ao aconchego. Barulho, velocidade, farol, espera...
Todos passam sem que percebam os que estão a sua volta. Nova janela, agora mais baixa. Dela, a imagem do corpo esfacelado que a cidade e os que nela habitam não permitiram chegar ao destino. Ela se vê, ela se reconhece, ela se sente e deixa de se sentir como mais uma das tantas figuras que por ali passaram e que não passarão mais...

Um comentário:

Alessandra Rosa disse...

Gatona, amei seu blog! Espero que tu continues escrevendo por que faz um bem! Eu ainda meio relapsa pela falta de tempo, mas sinto muita falta de escrever. Por que as palavras, essas não saem da mente! rs
beijosssssssss