sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Três sem um

A casa parece tão desarrumada... Nem bem acabaram de arrumar o banheiro e as louças já estão caindo. Luz, não há, apenas luminárias postas sem nenhum cuidado estético. Tem box, e é novo, mas ele mais parece uma daquelas cortinas que grudam na pele enquanto a água escorre. A casa está mesmo uma bagunça. Tanta gente que nem consegue reconhecer. A velha caminha de um lado pro outro, rapidamente, recolhendo a sujeira que está no chão, as roupas que foram deixadas pra lavar. Como ela é ágil! Não pode ser! Não é ela que nem ao menos consegue tomar banho sozinha? Está tudo mesmo uma bagunça. São imprevistos que a impedem de ir pra frente. O fim de semana não é dela. E o irmão agonizando no hospital não importa. Desesperadamente, tenta encontrar um caminho. E a rua, ergue-se em explosões, atingindo a todos. Como num movimento de refugiados, eles tentam escapar. Mas ela está sozinha, perde os contatos ao desviar dos buracos do chão. Não conhece ninguém, mas vê a velha caminhando junto aos outros. É preciso voltar! Acompanhá-la! Não deixar que se perca diante da multidão. Perde o olhar! Vê aquela que sacaneou o amigo se dar bem. E tem a capacidade de mandar, lá debaixo, um "vá se foder!" De volta para o rastro da velha. Quantas estão ali? Qual delas deve seguir? Lá está ela, que alívio! Estende os braços para tocar em seu ombro e se depara com um rosto que não conhece. Perde a referência. Não sabe mais o que fazer... Precisa voltar pra casa, mas o fim de semana nem é dela e a velha não está mais ali. Não sabe mais o que fazer...

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