quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Macaquinho

Minha querida, hoje eu sonhei com você. Não sei por qual razão estávamos em casa e parecias vivinha. Papai chegou de repente, o que foi uma grande surpresa. Era tudo tão familiar...
E você ali correndo pela casa... Eu me perguntava: 
Como podia ser? E aquele homem, abrindo a porta da sala como se tivesse chegado de um dia exaustivo no trabalho...
Eu perguntava a ele:
- Por qual razão você está aqui? E por qual razão a minha preta está viva, correndo por todos os espaços?
Ele respondia:
- Preferi te dar um presente, deixar que ela fosse aos poucos, de forma bem natural... Esse remedinho vai deixá-la tranquila!
E ela corria pela casa, arrebatada pela presença de um macaquinho que entrou pela janela e se confundia com ela.
- Macaquinho, macaquinho! Ela gritava!
- Macaquinho, macaquinho!
E nós tentávamos alcançá-lo para que fosse devolvido ao ambiente, se libertasse.
Enfim ele pulou da sacada, se agarrou numa árvore e sumiu.
E você ficou ali, no meu colo, com aquele pêlo macio e pretinho, me dando tranquilidade e paz!
O homem, estava tão próximo e ao mesmo tempo distante. A indiferença se misturava com os arroubos de delicadeza, nada que eu não estivesse acostumada, ainda que toda a situação fosse incômoda, triste, revelando ainda mais que todo o amor que eu senti foi projetado sobre um personagem que talvez eu mesma tenha construído.
Ele falava de sua vida, de seus amores, como se tudo fosse muito normal!
Era o vazio, mas ainda assim você estava ali, no meu colo, com seu pêlo macio e pretinho, me dando tranquilidade e paz!
Já acordada eu pensava sobre o sonho. Talvez o macaquinho de pelúcia entregue com a mudança tenha me deixado verdadeiramente incomodada. Não pedi que ele viesse, que entrasse em meus dias. Ele precisava ser posto na sacada para que pulasse fora dali, ou com o vento ou com a força de meus braços.

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